O presidente do Hospital Maternidade de Campinas, Marcos Miele, explica que a instituição tem solicitado à sua equipe de ginecologistas e obstetras para que contribuam com as orientações necessárias às pacientes e que as orientem a se vacinar. Embora nenhuma vacina seja 100% eficaz contra a doença, elas representam uma importante proteção para esse grupo de mulheres.
Preocupado com as dúvidas apresentadas por gestantes e puérperas com relação à vacina contra a Covid-19, o presidente do Hospital Maternidade de Campinas, Dr. Marcos Miele, tem solicitado à equipe de ginecologistas e obstetras que ajudem a orientar as pacientes sobre a importância dessa vacinação.
Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, o Hospital Maternidade de Campinas registrou três óbitos (duas puérperas e uma gestante), concentrados entre março e abril deste ano, período em que esteve com a sua capacidade máxima ocupada de leitos de UTI – Unidade de Terapia Intensiva – exclusivos para pacientes com Covid-19. O aumento significativo de internações e óbitos de gestantes e puérperas no país, neste início de 2021, fez com que o Ministério da Saúde as incluísse nos grupos de riscos para que tivessem prioridade no calendário da vacinação.
“As gestantes dividem o sistema imunológico com a criança, tornando-as mais vulneráveis não apenas para a Covid-19, mas para qualquer outro tipo de doença. Embora pela própria característica da gravidez a gestante tenda, naturalmente, a se proteger mais pela preocupação com o feto, com acesso à vacinação elas estarão melhor protegidas contra essa doença”, explica o médico.
De acordo com o Dr. Marcos Miele, o evento com a vacina AstraZeneca (risco de trombose) aliado ao atraso da inclusão das gestantes e puérperas nos grupos de risco, atrapalharam o acesso à informação por essa população sobre a necessidade de se vacinar. “As dúvidas fazem com que elas ainda resistam em tomar a vacina. Por isso nós, médicos ginecologistas e obstetras, precisamos contribuir, oferendo todos os esclarecimentos necessários”, orienta.
“Estamos aqui, na linha de frente, vivenciando os casos graves da doença, e não temos dúvida nenhuma de que a vacina é um grande avanço para proteger essa população de grávidas e puérperas. Se compararmos o risco x benefício para esse público, é muito menos arriscado tomar a vacina que pode não ser 100% eficaz, como nenhuma o é, mas acaba oferecendo a proteção, mesmo que parcial, contra a invasão do coronavírus”, esclarece.
Segundo ele, a maioria das gestantes que chegam à Maternidade de Campinas não está vacinada. Elas começam agora a querer se informar sobre a vacina. “O pessoal do nosso Pronto Atendimento tem esclarecido sobre a possibilidade e necessidade da imunização. Mas, precisamos estender essas informações aos pré-natalistas e às Unidades Básicas de Saúde para fomentar a vacinação nas gestantes”, diz.
O Dr.Miele lembra, ainda, que a vacina é fundamental para conseguimos combater esse vírus que mudou a nossa sociedade. E explica que, no puerpério, aumenta em quatro vezes o risco de qualquer paciente desenvolver o problema de trombose em relação à população normal, considerando as próprias transformações no corpo na mulher nessa condição. “A doença do coronavírus, em especial a sistêmica, que é a forma mais grave, essa sim pode evoluir para a trombose. Tanto é que, para as pacientes internadas com Covid-19, um dos medicamentos ministrados é um anticoagulante para, justamente, prevenir a trombose. Esse tratamento é mantido quando ela se torna puérpera, porque ela tem o duplo fator – o próprio puerpério e mais a Covid-19 -, no caso das infectadas", explica.
O Hospital Maternidade de Campinas é referência, no município, para tratar das gestantes com Covid-19. Hoje a pressão sobre os leitos de UTI para Covid-19, de acordo com o presidente da instituição, felizmente está baixa, em comparação com os demais hospitais. “Chegamos a ter um grande número de internações de gestantes e puérperas suspeitas ou infectadas pelo coronavírus entre março e abril. Hoje, temos 5 pacientes internadas na enfermaria e uma gestante na UTI com Covid-19 e/ou suspeita e um bebê na UTI Neonatal de mãe suspeita de ter contraído a doença. Nossa equipe é muito treinada e habilitada para cuidar desses casos. E essa capacitação técnica é fundamental neste momento”, diz.
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